RELATÓRIO DE PESQUISA

Sobre os MOOCs e seus desafios

LIBÂNIA PAES | 2018

EDUCERE

O ano de 2012 foi chamado de o “Ano dos MOOCs” – Massive Open Online Courses – ou Cursos Aberto Online para as Massas. O termo, criado por Dave Cornier em 2008 representa uma estrutura de programas educacionais que permite disseminar cursos por todo o mundo – desde que conectado à Internet. O fato de ser aberto representa acesso direto, sem necessidade de pré-requisitos. E a maior parte é gratuita.

Alguns anos depois, o modelo começa a mostrar sinais de maturidade e a promessa de educação para todos esbarra em alguns fatores. Em primeiro lugar, não é todo mundo que tem a disciplina necessária para ser (quase) um autodidata. As taxas de desistências são altíssimas e menos de 13% dos participantes completam os cursos. Além disso, a gratuidade de boa parte dos programas levanta a questão de sua sustentabilidade financeira. Parafraseando o grande economista Milton Friedman, não existe ensino grátis: alguém vai sempre pagar a conta.

Um terceiro desafio é a integração com o mercado, ou com o mundo real. Uma coisa é dizer que ensina. Outra é comprovar o aprendizado. Ainda vivemos em uma sociedade em que o diploma ainda simboliza aquisição do conhecimento – mesmo sabendo que nem sempre estão relacionados... :-) Em um curso aberto e online, o certificado é válido? É reconhecido como tendo o mesmo peso de um presencial? Há muito preconceito contra programas à distância, sabe-se disso. E, mesmo que não houvesse, um curso presencial em Harvard deveria ter o mesmo peso de um curso – de Harvard – feito pela EdX?

Por fim, ensinar para as massas exige passar conhecimento e verificar o aprendizado... das massas. Quem é professor sabe o trabalho que dá corrigir 40 ou 50 trabalhos. Imagine corrigir – com qualidade e atenção – 10.000? Ou 50.000? Uma solução, muito utilizada pelos cursos eletrônicos é uma avaliação por meio de questões de múltipla escolha ou de respostas curtas, em que o computador pode corrigi-las automaticamente. Mas há conteúdos que necessitam de mais o que a escolha de uma alternativa entre cinco. Para isso, alguns programas dos MOOCs estão utilizando o peer grading ou avaliação pelos pares. Alguns estudos mostram pouca diferença entre a avaliação dos alunos e de professores... o que é meio assustador.

De qualquer forma, os MOOCs ainda estão por aí: firmes e fortes. Vale a pena a visita aos dois que reúnem as principais universidades do mundo: Coursera e EdX. No Brasil, há a Veduca, que saiu um pouco do modelo “clássico” de MOOC e foi para um marketplace, como o Udemy.

Em 2013, fiz um levantamento sobre os modelos de negócio de MOOCs e outras plataformas de ensino. Você pode fazer o download do texto completo aqui.